Mais importante que investir é acreditar, afirma conselheiro de Obama

Que os Estados Unidos são a potencia numero um do mundo todos sabemos, mas, em muitos setores do Pais, nada seria possível sem a crença de que as coisas podem dar certo, principalmente na área da saúde. Este discurso foi à base da apresentação de Rafael Bengoa, venezuelano, conselheiro de saúde do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante o debate "Reforma no Sistema de Saúde Americano – Obamacare", realizado na sede do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa em 12 de maio. O evento, que foi realizado em parceria com a CONASS, ainda contou com a presença de Gonzalo Vencina Neto, superintendente corporativo do Sírio; Renilson Rehem, consultor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Antônio Carlos Figueiredo Nardi, presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), representando a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
 
Para Bengoa, a dificuldade na aceitação inicial na reforma do sistema de saúde dos EUA prova que nem sempre ter o dinheiro faz a mudança acontecer. "De que adianta sermos uma potência, estarmos entre os países desenvolvidos se não pudermos convencer os governantes de que um novo modelo assistencial e necessário e pode acarretar em economia para o País e na excelência de atendimento ao paciente?". A solução ideal, segundo o conselheiro, não são a construção de novos hospitais e centros de saúde, mas sim fazer com que a população não precise chegar ao pronto-atendimento e à internação e para isso, o primeiro passo é acreditar que a prevenção pode ser possível. “Esses dois serviços são os procedimentos mais caros em um sistema de saúde pública. Fazer com que as pessoas não precisem ocupar um leito é o segredo”.
 
Com o lema "Yes, we can" (sim, nós podemos), o primeiro presidente negro conseguiu provar aos congressistas que sua teoria para mudança estava mais do que certa. O projeto proibia os planos de saúde de mudar os valores dos seguros com base no histórico clínico do paciente, se recusar a assegurar um cliente muito caro, ou limitar a quantidade de reembolsos anuais. Em troca, a legislação estabelecia que todos deveriam aderir a um plano de saúde, sob pena de multa. Nos Estados Unidos não há uma rede hospitalar gratuita, logo, o principal plano era evitar que as pessoas ficassem sem algum tipo de cobertura. De acordo com Bengoa, até o início deste ano, pelo menos sete milhões de pessoas já tinham se inscrito no programa. 
 
“Não vamos poder seguir financiando o modelo de saúde com o gasto crescente histórico que temos", afirmou Bengoa durante entrevista coletiva. "Esses gastos chegarão a 6%, 7% ou até 8%, para todos os países, incluindo Brasil, Espanha ou os países mais ricos, como o próprio Estados Unidos. Todo mundo anda repensando como reconfigurar o modelo assistencial de prestadores para que seja mais eficiente e funcione melhor. Se funciona de forma mais integrada, aparece menos gente nos hospitais e se economiza dinheiro. Então esse dinheiro passa a poder ser usado para novas necessidades, como medicamentes de câncer e hepatite”. Gonzalo Vencina aproveitou a fala de Bengoa para completar: “Devemos debater veementemente a situação de nossa saúde atual e o que podemos fazer para melhorá-la. Além disso, aprender com os exemplos de fora é um ótimo viés para novos caminhos. Temos que utilizar toda a nossa capacidade para entender o tema proposto”. 
 
 
A cobertura completa do evento você acompanha na próxima edição do Jornal do SINDHOSP.