30 de junho de 2014

No Brasil, home care é confundido com serviço de cuidador

Só no Brasil, quase um milhão de pessoas recebem atenção domiciliar por ano. Apesar de o termo "home care" ter se popularizado nos últimos tempos, a prática é muito antiga, anterior à medicina convencional, quando os hospitais eram escassos e o paciente era tratado em casa. Hoje, esse tipo de atenção voltou à tona e é indicado a pacientes que não precisam ser mantidos em ambiente hospitalar. 
 
“Há patologias agudas, casos de acidentes e pós-operatórios, por exemplo, em que os pacientes devem ser mantidos nos hospitais. Mas, saindo dessa fase aguda e se o paciente tem estabilidade clinica e uma casa onde possa ficar sem riscos, a equipe médica pode indicar a atenção domiciliar", explica Ari Bolonhezi, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Atenção Domiciliar à Saúde (SINESAD).
 
Com a demanda, hoje já existem cerca de 230 mil profissionais – entre enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos – que atuam no setor. E um dos problemas a serem enfrentados é a confusão entre esse atendimento e o papel de cuidador, como aquele que proporciona higiene ao paciente, banho, alimentação e companhia.
 
Como a linha é tênue, é comum um profissional da saúde receber pedidos – ou até ordens – da família para que, por exemplo, dê banho e sirva comida ao paciente. “A atenção domiciliar não deve ser um serviço de pajem”, alerta Bolonhezi.
 
A diferença é simples: a atenção domiciliar tem a função de administrar medicações que uma pessoa sem formação não poderia fazer (injeções, por exemplo), além de manter o paciente em vida e recuperando-se cada dia mais. Já o papel dos cuidadores é visar pelo bem-estar do paciente, como higiene pessoal – não é papel dos enfermeiros do atendimento domiciliar dar banho em casa em um paciente acamado. A alimentação também é tarefa do cuidador, que deve seguir as ordens da nutricionista. A essa profissional cabe preparar o diário alimentar, mas não cozinhar para o paciente, tampouco dar a comida à beira do leito.
 
Para ilustrar, o médico usa o exemplo de uma paciente que não tem controle de suas necessidades fisiológicas e nem se alimenta sozinho. "Ele precisa de atendimento de enfermagem 24 horas por dia? Muitos dizem que sim, mas a situação dele é similar à de uma criança de seis meses de idade, em que a mãe é perfeitamente capaz de cuidar dela”, detalha Bolonhezi.
 
Para o médico, o suporte social proporcionado pelo cuidador é importante, mas a responsabilidade não cabe ao Ministério da Saúde ou às operadoras de saúde. 
 
Tipos de atenção domiciliar
 
A atenção domiciliar é dividida em duas partes e destinada a dois tipos de pacientes: atendimento ambulatorial em casa e internação domiciliar.
 
A internação domiciliar presta serviço a quem precisava estar dentro de um hospital, por depender de alta tecnologia e também alguns serviços repetitivos de alguma área da saúde, mas que já está estável. Assim, leva-se o paciente para casa e monta-se uma estrutura personalizada. "Alguns precisam de equipamentos de sobrevida, por exemplo. A fisioterapia, nutrição e psicologia também dão qualidade de vida ao paciente em casa”, detalha Bolonhezi.
 
Já no ambulatório domiciliar o paciente recebe visita de enfermeiros na mesma frequência que recebia no hospital. Se ele precisava do atendimento de enfermagem, fisioterapia e outros cuidados médicos duas vezes ao dia, por exemplo, ele será feito dessa mesma forma no próprio lar. Se os procedimentos que o paciente precisa passar são repetitivos, um enfermeiro estará à disposição 24 horas por dia dentro da casa.

Governo diz que Mais Médicos supera meta de cobertura no país

No programa “Café com a Presidenta”, Dilma Rousseff anunciou que o programa Mais Médicos superou a sua meta de cobertura e beneficia, atualmente, 50 milhões de pessoas em todo o país. De acordo com o governo federal, o número inicial estipulado no começo do programa era chegar a 46 milhões de brasileiros.
 
De acordo com a presidente, todos os pedidos de prefeitos por médicos para suas cidades foram atendidos e o programa está presente em mais de 3,8 mil municípios. Atualmente, segundo o governo, mais de 14 mil médicos, brasileiros e intercambistas, atuam em postos de saúde de todo o país.
 
"O Mais Médicos é uma das nossas ações que aumenta a capacidade de atendimento do nosso SUS, do Sistema Único de Saúde. Muitas cidades não tinham sequer um médico. A pessoa que precisasse de atendimento tinha que se deslocar para outra cidade, às vezes, a dezenas e dezenas de quilômetros de distância – de carro, de ônibus e até mesmo de barco, algumas iam a pé", disse a presidente.
 
Dilma também comentou uma pesquisa do Ministério da Saúde que aponta redução de 21% no número de encaminhamentos a hospitais feitos por postos de saúde onde há atuação de profissionais do Mais Médicos.
 
"Em janeiro de 2014, os postos de saúde de todo o país tiveram um crescimento de 35% em relação ao número de consultas feitas em janeiro de 2013. O número de consultas do pré-natal nos nossos postos de saúde cresceu, naquele período, 11%. Além disso, aumentou em 44,5% o número de consultas de diabéticos. O aumento desses números na atenção básica trouxe impactos positivos na diminuição da mortalidade infantil, da mortalidade materna, da mortalidade de diabéticos e hipertensos. E também, Luciano, nas demais etapas do atendimento do SUS".
 
Dilma ainda falou sobre o investimento e crescimento da oferta de vagas em cursos de medicina com a chegada de médicos estrangeiros ao país. "O programa prevê a criação de 11.500 vagas em cursos de graduação de medicina até 2017. Para residência médica, que é quando um profissional se especializa em determinada área da medicina, por exemplo, em pediatria, ortopedia, neurologia, cardiologia ou pneumologia e ginecologia, nós estamos criando mais 12.400 vagas até 2018. A maior parte dessas vagas está também sendo criada em cidades do interior. Esta é uma estratégia fundamental para fixar os médicos na própria região onde são formados".

Rede Cegonha reforça combate à mortalidade infantil

Cerca de 64% das mortes de crianças brasileiras abaixo de 5 anos acontecem no primeiro mês de vida. É o maior porcentual registrado entre um grupo de 75 países. As informações são de um estudo coordenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e divulgado na África do Sul. O trabalho foi feito com base na análise das taxas entre 2000 e 2013 de 75 países participantes do Objetivos do Milênio. “Países que rapidamente reduziram a mortalidade infantil, como o Brasil, tendem a apresentar um aumento na proporção de mortes entre recém-nascidos", afirmam os autores do trabalho. 
 
No mundo, todos os anos, 2,9 milhões de crianças morrem antes de completar um mês e 2,6 milhões nos primeiros três meses de gestação ou no parto. Em nota, o Ministério da Saúde informou que reforçou a Rede Cegonha, para acelerar a queda nos índices de mortalidade materna e neonatal. O sistema prevê assistência para mãe e criança até 2 anos e planejamento familiar. Entre as estratégias para reduzir a mortalidade neonatal, diz a pasta, está a estimulação da amamentação. Entre os exemplos de incentivo citados estão a publicação de uma portaria sobre o assunto e a criação de uma campanha para doação de leite.
 
Os Objetivos do Milênio são metas definidas em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e apoiadas por 192 países para serem alcançadas até 2015. Entre os oito pontos estão acabar com a fome e a miséria, universalizar a educação primária e promover a igualdade de gênero e autonomia das mulheres.

Criado o Comitê de Terapia Renal Substitutiva

Para debater e deliberar sobre temas de interesse das empresas que prestam serviços na área de terapia renal, a Federações dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP) criou, em junho, o Comitê de Terapia Renal Substitutiva (CTRS). O grupo de trabalho, que é estendido às clínicas intra e extra-hospitalares de hemodiálise associadas aos seis sindicatos filiados à FEHOESP (SINDHOSP, SindRibeirão, SindhosPru, SindSuzano, SindMogi das Cruzes e SindJundiaí), terá como coordenador o médico nefrologista Carlos Antonio Nascimento, da clínica Sedit Nefrologia Diálise Transplante.
 
Na reunião do dia 9 de junho, que instalou o CRTS, o presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr., explicou que “o comitê é mais um espaço com estrutura para atender às demandas das clínicas de terapia renal, visando discutir os percalços impostos a essas empresas pelo governo, pelas operadoras de planos de saúde, pelos sindicatos profissionais, dentre as inúmeras interferências pelas quais passam o segmento”.
 
Para Nascimento, debater os problemas comuns enfrentados pelas clínicas de nefrologia é muito importante. “Desde 2004, o governo faz alterações e novas exigências, sem avaliar o impacto financeiro para o segmento. Por isso, precisamos debater propostas e apresentar sugestões sobre consultas públicas, projetos de lei e regulamentações, especialmente junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que possamos contribuir para o aperfeiçoamento do bom funcionamento do segmento e da melhoria da qualidade dos serviços ofertados aos usuários de serviços de saúde”, destacou.
 
A primeira atividade do CTRS ocorreu no encontro do dia 25 de junho, no auditório do SINDHOSP, em sua sede em São Paulo. Na oportunidade, foram discutidos os itens da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa nº 11/2014, que dispõe sobre os requisitos de boas práticas de funcionamento para os serviços de diálise, e dá outras providências, e a portaria nº 389 do Ministério da Saúde, de 13/3/2014, que define os critérios para a organização da linha de cuidado da pessoa com doença renal crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico.
 
A próxima reunião do Comitê de Terapia Renal Substitutiva será nesta quarta-feira (2/7), às 15 h, no SINDHOSP. 
 

Mortalidade materna cai 1,7% no Brasil

O Brasil é o quarto país mais lento na redução da mortalidade materna, segundo relatório coordenado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O trabalho foi feito com base na análise das taxas entre 2000 e 2013 de 75 países participantes do Objetivos do Milênio.
 
No período, o Brasil teve um desempenho equivalente ao de Madagascar, com queda anual média de 1,7% na taxa de mortalidade materna. A marca está bem abaixo da média de todo o grupo, que foi de 3,1% ao ano.
 
Em 2013, a taxa de brasileiras que morreram na gestação, no parto ou em decorrência de suas complicações foi equivalente a 69 a cada 100 mil nascimentos. Isso representa quase o dobro da meta assumida nos Objetivos do Milênio – chegar em 2015 com, no máximo, 35 mortes a cada 100 mil nascimentos. O Brasil já assumiu que não vai conseguir atingir a marca. O País, porém, não está sozinho.
 
Preparado pela PMNCH (Parceria para a Saúde Materna, de Recém-Nascidos e Crianças), grupo formado por mais de 560 organizações, o relatório mostra que poucos países vão atingir o compromisso de redução de mortalidade relacionadas à gravidez e ao parto. Do total, apenas 11 conseguiram diminuir a taxa a um ritmo de pelo menos 5,5% por ano.
 
Para dar dimensão do que isso significa, o risco de uma mulher morrer nos países avaliados por causas relacionadas ao parto e à gestação é de 1 para 66. Nos países com alto desenvolvimento, o risco é de 1 para 3.400.
 
Novas estratégias
 
O relatório, divulgado no início do Fórum do PMNCH, em Johannesburgo, alerta sobre a necessidade de se definir estratégias que acelerem avanços nas saúdes materna, infantil e neonatal.
 
“Precisamos renovar e redobrar nossos esforços em áreas-chave, onde o progresso vem sendo menor”, dizem os autores do documento. Eles reforçam a necessidade de se evitar que, esgotado o prazo definido nos Objetivos do Milênio, o ânimo para se alcançar as metas diminua. A mensagem é: o trabalho está inacabado, mas os objetivos são possíveis de serem alcançados. “O fim de 2015 vai inaugurar uma nova era da saúde global.”
 
Entre os pontos considerados essenciais pelos autores do trabalho estão a melhoria do acesso a métodos contraceptivos, fundamentais para garantir o planejamento familiar; a garantia da assistência, feita com profissionais preparados e equipados adequadamente, tanto na gestação quanto nas fases pré e pós-parto; a redução de índices de doenças como diarreia e pneumonia e o combate a altos índices de desnutrição.
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