4 de abril de 2016

Ministério libera vacinação antecipada contra H1N1

Diante da antecipação do surto de gripe H1N1 identificada em São Paulo, o Ministério da Saúde vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença. Ao contrário do que ocorria em outros anos, Estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril. Assim que o imunizante começar a chegar nos Estados, a vacinação já poderá ser feita, a critério de cada governo. 
 
Cada administração deverá divulgar o calendário que adotará. A estratégia em parte atende a um pedido feito ontem pelo governo de São Paulo. Nos primeiros três meses deste ano, o número de casos registrados de H1N1 já superou o que foi relatado em todo o País entre janeiro e dezembro de 2015. Do começo do ano até o dia 19, foram registrados 305 casos e 46 mortes no Brasil. Em todo o ano passado, houve 141 casos e 36 óbitos. "Foi uma surpresa o surto nesta dimensão. E sobretudo o período”, afirmou o coordenador do Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos.
 
Na semana passada, com o aumento do número de casos, o Estado solicitou ao Ministério da Saúde o envio de doses da vacina usadas durante a campanha de 2015. Elas foram aplicadas, em caráter emergencial, na cidade de São José do Rio Preto, onde a situação era considerada mais grave. Essa ação teve como objetivo proteger apenas contra o H1N1. Mas os pacientes que receberam o imunizante deverão ainda, em data a ser definida pelo governo, receber o produto mais atual.
 
O imunizante contra a gripe tem sua composição alterada todos os anos. Ele é feito com base em uma combinação de cepas do vírus da gripe que mais circularam durante o inverno no Hemisfério Norte. Comparando com 2015, duas outras cepas do vírus influenza foram modificadas. "Isso significa que protege contra H1N1, mas não tem a mesma eficácia em relação às outras cepas”, disse Boulos.
 
Colateral
 
A antecipação traz um efeito colateral: os efeitos do imunizante se estendem pelo período de um ano. Isso significa que, quanto mais cedo a vacina for usada, mais cedo a pessoa se tornará suscetível. "Temos consciência disso. Mas temos uma fogueira queimando. O incêndio tem de ser apagado agora”, disse Boulos. 
 
A vacina contra a gripe é produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, essa é a razão para o governo paulista receber o imunizante antes de outros Estados. No caso do restante do País, o produto é enviado para Brasília, que se encarrega de fazer a distribuição.
 
Ao todo, serão seis remessas do imunizante. As primeiras três deverão ser feitas entre os dias 1º e 15 de abril. Nesse período, serão distribuídos 25 milhões de doses, o equivalente a 48% de toda a demanda. São Paulo vai receber neste período 5,7 milhões.
 
Boulos afirmou que a prioridade na vacinação será dada para grupos de risco na Grande São Paulo – ou seja, para idosos, pessoas com doenças pulmonares ou problemas cardíacos e gestantes. 
 
A mudança da estratégia para vacinação deste ano para H1N1, no entanto, é feita com uma condição. Os Estados deverão reservar pelo menos 30% do total do imunizante para usar no Dia D (30 de abril). O Ministério da Saúde julga indispensável manter a campanha, que todos os anos tem potencial para atingir grande parcela do público-alvo.
 
Casos
 
A Região Sudeste concentra a maior parte dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por H1N1 do País, com 266 registros. Desses, 260 estão no Estado de São Paulo, que relata 38 dos 46 óbitos.
 
Santa Catarina está em segundo lugar entre os Estados com mais casos, totalizando 14. Na sequência, vem a Bahia com 10 registros. Além de São Paulo, outros cinco Estados tiveram óbitos: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. (Colaboraram Paula Felix e José Maria Tomazela)
 

FEHOESP lança campanha de medidas de controle nos prontos-socorros

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP), representante de 500 hospitais no Estado, com cerca de 40 mil leitos, deflagra ampla campanha para divulgar medidas de controle nos prontos-socorros (PS) dos hospitais paulistas com o objetivo de evitar a transmissão do vírus H1N1 na espera por atendimento. 
 
Com informações em seu site, boletins e informativos dirigidos aos hospitais em todo o Estado, a Federação lança campanha com informações técnicas para alertar os hospitais sobre o aumento significativo de casos da influenza A(H1N1) no Estado de São Paulo e a necessidade de adotar medidas imediatas para controle do fluxo desses pacientes nos serviços de emergência.
 
Segundo Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, houve um aumento significativo de casos da doença nos hospitais particulares no mês de março, tornando-se fundamental nesse momento a adoção de medidas de segurança nos hospitais. “Estamos recomendando que os serviços de emergência atentem para os casos de suspeita de H1N1 e na própria triagem ofereçam máscaras a esses pacientes. Sugerimos ainda que os hospitais criem alas específicas, dentro do possível, para atender os infectados e os acomodem em local separado da maioria dos outros pacientes do PS. Essas medidas simples estão sendo adotadas por grandes hospitais da capital, mas precisam ser ampliadas para os demais em todo o Estado”, destaca. 
 
“O pronto-socorro é a porta de entrada do sistema de saúde e esse serviço possui importante papel nesse momento de surto quando dezenas de pacientes com suspeita da doença procuram os PS dos hospitais”, alerta o representante da FEHOESP. 
 
Para o presidente da Federação, o primeiro atendimento e o diagnóstico rápido e preciso são fundamentais para o imediato tratamento do paciente infectado, impedindo que este paciente transmita o vírus a outros membros de sua comunidade, bairro ou cidade. 
 
A campanha da Federação reproduz em seu site informações técnicas sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento de acordo com orientações do Ministério da Saúde.
 
Vacinas no setor privado
A antecipação do aparecimento do H1N1 no país, com maior incidência no Estado de São Paulo, promoveu uma corrida de pessoas a procura da vacina em centros de imunização particulares, já que a vacina que só será disponibilizada inicialmente pelo poder público para grupos de risco. Segundo levantamento da FEHOESP, os centros de imunização particulares já oferecem a vacina. Mas há grande dificuldade para encontrar a vacina neste momento.
 
Para auxiliar a população, os sites da FEHOESP (www.fehoesp.org.br) e do SINDHOSP (www.sindhosp.org.br) disponibilizarão ainda uma listagem com os contatos dos principais centros de imunização privados na capital e principais cidades do interior paulista.
 
 
 
 
 

Entenda a Gripe H1N1, sintomas, transmissão e tratamento

GRIPE INFLUENZA A (H1H1)

 

Influenza, comumente conhecida como gripe, é uma doença viral febril, aguda, geralmente benigna e autolimitada. Frequentemente é caracterizada por início abrupto dos sintomas, que são predominantemente sistêmicos, incluindo febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia, assim como sintomas respiratórios com tosse seca, dor de garganta e coriza. A infecção geralmente dura 1 semana e com os sintomas sistêmicos persistindo por alguns dias, sendo a febre o mais importante.

O vírus influenza A (H1N1) é responsável por grandes pandemias, sendo transmitido facilmente por aerossóis produzidos por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar. Algumas pessoas, como idosos, crianças novas, gestantes e pessoas com alguma comorbidade possuem um risco maior de desenvolver complicações devido à influenza. A vacinação é a intervenção mais importante na redução do impacto da influenza. 

Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem tomar medidas como evitar sair de casa em período de transmissão da doença, restringir o ambiente de trabalho para evitar disseminação, evitar aglomerações e ambientes fechados, procurando manter os ambientes ventilados, adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.

O serviço de saúde deve ser procurado imediatamente caso apresente algum desses sintomas: dificuldade para respirar, lábios com coloração azulada ou roxeada, dor ou pressão abdominal ou no peito, tontura ou vertigem, vomito persistente, convulsão.

 

RESUMO

Modo de transmissão

A transmissão ocorre através das secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada ao falar, espirrar ou tossir. Pode ocorrer também por meio das mãos, que após contato com superfícies contaminadas por secreções respiratórias de um indivíduo infectado, podem carrear o agente infeccioso diretamente para a boca, nariz e olhos.

Período de incubação

1 a 4 dias.

Período de transmissibilidade

O período de transmissibilidade em humanos geralmente se inicia 24 horas antes do início dos sintomas e dura até 5 a 10 dias após o surgimento dos sintomas. Em crianças esse período dura em média 10 dias e em pacientes imunossuprimidos, por mais tempo.

Susceptibilidade e risco de complicações graves

Pessoas de todas as idades são susceptíveis a infecção pelo vírus influenza. Alguns indivíduos estão mais propensos a desenvolverem complicações graves, especialmente aqueles com condições e fatores de risco para agravamento, entre esses: gestantes, adultos com idade maior que sessenta anos, crianças com idade menor que dois anos e indivíduos que apresentem doença crônica especialmente doença respiratória crônica, cardiopatia, obesidade (IMC ≥ 40), diabetes descompensada, síndrome de Down e imunossupressão e imunodepressão.

Crianças

A melhor maneira de proteger as crianças contra influenza sazonal e potenciais complicações graves é a vacinação anual, recomendada a partir de 6 meses até 5 anos. Deve-se utilizar lenço descartável para limpeza das secreções nasais e orais das crianças. No caso de utilização de lenço ou fralda de pano, estes devem ser trocados diariamente. Deve-se lavar as mãos após contato com secreções nasais e orais das crianças, principalmente, quando a criança estiver com suspeita de síndrome gripal.

Gestantes

Mudanças no sistema imunológico, circulatório e pulmonar durante a gravidez faz com que as gestantes sejam mais propensas a complicações graves por influenza, assim como hospitalização, e óbito. Há também maiores chances de complicações da gravidez, incluindo trabalho de parto e parto prematuros. Durante internação e trabalho de parto, se a mulher estiver com diagnóstico de Influenza, deve-se priorizar o isolamento;

Prevenção

Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas gerais de prevenção, tais como:

– Frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;

– Utilizar lenço descartável para higiene nasal;

– Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;

– Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;

– Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;

– Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;

– Manter os ambientes bem ventilados;

Veja recomendações para prevenção e controle da H1N1 no ambiente hospitalar

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP), representante de 500 hospitais no Estado, com cerca de 40 mil leitos, deflagra ampla campanha para divulgar medidas de controle nos prontos-socorros (PS) dos hospitais paulistas com o objetivo de evitar a transmissão do vírus H1N1 na espera por atendimento. 
 
Com informações em seu site, boletins e informativos dirigidos aos hospitais em todo o Estado, a Federação lança campanha cominformações técnicas para alertar os hospitais sobre o aumento significativo de casos da influenza A(H1N1) no Estado de São Paulo e a necessidade de adotar medidas imediatas para controle do fluxo desses pacientes nos serviços de emergência.
 
Segundo Yussif Ali Mere Junior, presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, houve um aumento significativo de casos da doença nos hospitais particulares no mês de março, tornando-se fundamental nesse momento a adoção de medidas de segurança nos hospitais. “Estamos recomendando que os serviços de emergência atentem para os casos de suspeita de H1N1 e na própria triagem ofereçam máscaras a esses pacientes. Sugerimos ainda que os hospitais criem alas específicas, dentro do possível, para atender os infectados e os acomodem em local separado da maioria dos outros pacientes do PS. Essas medidas simples estão sendo adotadas por grandes hospitais da capital, mas precisam ser ampliadas para os demais em todo o Estado”, destaca. 
 
“O pronto-socorro é a porta de entrada do sistema de saúde e esse serviço possui importante papel nesse momento de surto quando dezenas de pacientes com suspeita da doença procuram os PS dos hospitais”, alerta o representante da FEHOESP. 
 
Para o presidente da Federação, o primeiro atendimento e o diagnóstico rápido e preciso são fundamentais para o imediato tratamento do paciente infectado, impedindo que este paciente transmita o vírus a outros membros de sua comunidade, bairro ou cidade. 
 
A campanha da Federação reproduz em seu site informações técnicas sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento de acordo com orientações do Ministério da Saúde.
 
Vacinas no setor privado
A antecipação do aparecimento do H1N1 no país, com maior incidência no Estado de São Paulo, promoveu uma corrida de pessoas a procura da vacina em centros de imunização particulares, já que a vacina que só será disponibilizada inicialmente pelo poder público para grupos de risco. Segundo levantamento da FEHOESP, os centros de imunização particulares já oferecem a vacina. Mas há grande dificuldade para encontrar a vacina neste momento. Para auxiliar a população, os sites da FEHOESP e do SINDHOSP disponibilizarão ainda uma listagem com os contatos dos principais centros de imunização privados na capital e principais cidades do interior paulista.

SPTV repercurte campanha da FEHOESP

A campanha FEHOESP com medidas de controle do vírus H1N1 nos prontos-socorros (PS) dos hospitais paulistas foi repercutida nesta tarde pelo SPTV 1ª edição, da TV Globo. 

Com o objetivo de evitar a transmissão do vírus H1N1 na espera por atendimento, a Federação e o SINDHOSP, divulgam em seus sites recomendações  para prevenção e controle nos estabelecimentos de saúde, informações sobre a transmissão, sintomas e tratamento da doença e o protocolo clínico de atendimento do Ministério da Saúde.

Clique e assista a reportagem.

 

Planos de saúde podem ter aumento de até 15%

Os consumidores precisam preparar o bolso para os gastos com saúde neste ano. Com a disparada dos preços desde 2015, economistas não têm dúvidas de que o reajuste dos convênios individuais e familiares ficará acima dos dois dígitos em 2016. A Tendências Consultoria prevê aumento de 10,3% e alguns analistas não descartam correção acima da autorizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2015, de 13,55%, podendo chegar a 15%. O percentual de aumento será definido em maio e passa a vigorar a partir de junho, de acordo com o aniversário do contrato do conveniado.
 
Márcio Milan, analista de Inflação da Tendências, faz projeção com base no reajuste incorporando a carestia em 12 meses, já que os parâmetros da ANS são pouco transparentes para operadoras com mais de 30 conveniados. “É difícil pensar que o aumento será abaixo dos dois dígitos. O próprio ajuste de medicamentos corrobora isso”, avalia. Em 1º de abril, o governo federal ajustou os preços dos produtos farmacêuticos em 12,5%.
 
No caso dos medicamentos, a composição do índice buscou compensar a inflação e o aumento de custos causados pela alta do dólar e aumentos nas despesas com energia elétrica. A lógica do reajuste dos planos de saúde é muito semelhante e não foge à regra. Boa parte dos medicamentos, insumos e equipamentos são comprados em moeda estrangeira e isso influenciará no aumento permitido às operadoras.
 
Em 2015, o dólar subiu 48,49% em relação ao real. E, por mais que a divisa esteja em desaceleração, esse movimento apenas ameniza a pressão de custos. Como hospitais e clínicas estão sempre incorporando novas tecnologias e repondo equipamentos, uma abrupta desvalorização do real leva empresas e médicos a repassar parte dos custos para a matriz de preços. Sejam exames, procedimentos cirúrgicos ou consultas.
 
A ANS informou que o índice de reajuste para os planos individuais do período entre maio de 2016 a abril de 2017 está em apuração, não sendo possível antecipar qualquer informação a respeito. A autarquia reforçou que o aumento autorizado aos planos individuais e familiares é um percentual máximo. “As operadoras não podem aplicar percentual mais alto do que o autorizado, mas são livres para adotar índices inferiores ao divulgado pela agência, ou mesmo manter suas mensalidades sem reajuste”, ressalta.
 
Impacto
A Tendências projeta 0,40% para a inflação de junho, prevendo que o aumento dos planos individuais seja aplicado pela ANS nesse período. Se o ajuste for de 10,3%, como prevê Milan, a contribuição dos gastos com plano de saúde na carestia será de 0,33 ponto percentual. Essa parcela, no entanto, pode ser superior, de 0,5 ponto percentual, se o aumento dos contratos for de 15%, calculada o economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes.
 
“Diante do atual cenário de gastos com saúde no país e da pressão do dólar, não tem como esperar reajuste pequeno. Se chega aos 15%, não sei. Mas um reajuste desse patamar é algo que não pode ser descartado”, avalia Bentes. “Há mais de uma década, os gastos com plano de saúde sobem acima do custo de vida médio. E não foram poucas as vezes em que o aumento aplicado pela ANS veio alinhado com a inflação de convênios nos 12 meses encerrados em abril”, acrescenta.
 

Rádio CBN entrevista Yussif Ali Mere Jr

A campanha da FEHOESP com medidas de controle do vírus H1N1 nos prontos-socorros (PS) dos hospitais paulistas foi repercutida nesta tarde pelo programa CBN Total, da Rádio CBN (90,5 FM). 

Com o objetivo de evitar a transmissão do vírus H1N1 na espera por atendimento, a Federação e o SINDHOSP, divulgam em seus sites recomendações  para prevenção e controle nos estabelecimentos de saúde, informações sobre a transmissão, sintomas e tratamento da doença e o protocolo clínico de atendimento do Ministério da Saúde.

Clique e ouça a entrevista do presidente da FEHOESP e do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Jr, ao programa CBN Total.

 

MS lança protocolo com diretrizes para parto cesariana

O Ministério da Saúde publicou, no Diário Oficial da União no dia 4 de abril, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Cesariana, trazendo os parâmetros que devem ser seguidos, a partir de agora, pelas Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios. A construção do novo documento passou por meses de discussão e de consulta pública, e estabelece um modelo de regulação do acesso assistencial, autorização, registro, indicação e ressarcimento dos procedimentos realizados.
 
O objetivo das diretrizes, elaboradas dentro de rigorosos parâmetros de qualidade, precisão de indicação e evidências científicas nacionais e internacionais, é auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento, quando não indicado corretamente, traz inúmeros riscos, como aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil.
 
“Temos investido fortemente em diversas ações para incentivar o parto normal, porque atualmente o Brasil vive uma epidemia de cesáreas – que se tornaram, ao longo dos últimos anos, a principal via de nascimento do país, chegando a 55% dos partos realizados no Brasil e em alarmantes 84,6% nos serviços privados de saúde. No sistema público, a taxa é de 40%, consideravelmente menor, mas ainda elevada, o que nos preocupa”, destacou o Secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
 
Entre os principais destaques do protocolo, além de derrubar o mito de que a cesariana é mais segura e que o parto normal é sempre um procedimento de dor e sofrimento, é auxiliar na busca das melhores práticas em saúde. Além disso, é obrigatória a cientificação da gestante, ou de seu responsável legal, dos potenciais riscos e eventos adversos relacionados ao procedimento cirúrgico ou uso de medicamentos para a operação cesariana.
 
“A melhoria da qualidade na atenção obstétrica passa, essencialmente, pela mudança no atendimento à mulher durante o parto. Com isso, espera-se a diminuição no quantitativo de cesarianas desnecessárias, do adoecimento e mortes evitáveis a partir da adoção de boas práticas na atenção ao parto e nascimento. É importante reforçar que a cesariana é uma conquista científica que, quando indicada corretamente, pode salvar vidas, mas ela não deve ser feita indiscriminadamente. Essas diretrizes complementam a conduta médica nas avaliações individuais entre o profissional e o paciente e garantem o melhor procedimento para mãe e bebê”, explicou a Coordenadora-Geral de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Maria Esther Vilela.
 
O protocolo foi elaborado com base nas melhores evidências científicas nacionais e internacionais. Diferentes estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – braço da Organização das Nações Unidas (ONU) – e outros organismos nacionais e internacionais demonstram as vantagens de uma assistência ao parto que se efetive sem intervenções desnecessárias. Nesta perspectiva, o Ministério da Saúde tem atuado para assegurar às mulheres atenção humanizada durante a gestação, parto e pós-parto, e às crianças o direito ao nascimento seguro.
 
Destaques
A OMS sugere que taxas populacionais de operação cesariana superiores a 10% não contribuem para a redução da mortalidade materna, perinatal ou neonatal. Considerando as características do Brasil, a taxa de referência ajustada pelo instrumento desenvolvido pela OMS estaria entre 25% e 30%. Para isso, um grupo consultivo formado por representantes de diversos órgãos do Governo Federal, associações, conselhos e médicos universitários elaborou 72 questões com respostas embasadas nas melhores evidências científicas. As diretrizes foram amplamente discutidas por especialistas e representantes da sociedade civil brasileira, além de técnicos e consultores do Ministério da Saúde, associações e entidades de classe no plenário da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias SUS (Conitec).
 
Entre os principais destaques/recomendações estão, por exemplo:
 
– A operação cesariana não é recomendada como forma de prevenção da transmissão vertical em gestantes com infecção por vírus da hepatite B e C;
 
– A operação cesariana programada é recomendada para prevenir a transmissão vertical do HIV;
 
– A operação cesariana é recomendada em mulheres que tenham apresentado infecção primária do vírus Herpes simples durante o terceiro trimestre da gestação;
 
– A operação cesariana não é recomendada como forma rotineira de nascimento de feto de mulheres obesas;
 
– A operação cesariana é recomendada para mulheres com três ou mais operações cesarianas prévias;
 
– O trabalho de parto e parto vaginal não é recomendado para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de operação cesariana anterior, casos em que há maior comprometimento da musculatura do útero, aumentando o risco de sua ruptura no trabalho de parto.
 
O protocolo clínico recomenda, ainda, um aconselhamento sobre o modo de nascimento para gestantes com operação cesariana prévia que considere as preferências e prioridades da mulher, os riscos e benefícios de uma nova operação cesariana e os riscos e benefícios de um parto vaginal após uma operação cesariana, incluindo o risco de uma operação cesariana não planejada.
 
Mulheres com operações cesarianas prévias devem ser esclarecidas de que há um aumento no risco de ruptura uterina com o parto vaginal após operação cesariana prévia. Os profissionais e instituições de saúde devem ter resguardada a autonomia em relação à aceitação ou não da assistência ao parto vaginal após duas operações cesarianas.
 
 
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