18 de agosto de 2016

Exames olímpicos

A poucas semanas da Olimpíada do Rio de Janeiro, o anúncio da suspensão da acreditação do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD) pela Agência Mundial Antidoping (WADA – The World Anti-Doping Agency) virou manchete internacional e trouxe preocupação aos organizadores brasileiros.

Afinal, o LBCD deveria realizar as análises laboratoriais durante a Olimpíada, e um investimento de R$ 190 milhões em obras e equipamentos para o laboratório havia sido realizado pelo governo brasileiro para dotá-lo de estrutura e recursos técnicos necessários ao seu bom desempenho, tornando-o apto a analisar amostras colhidas de atletas e produzir evidências relacionadas ao uso de substâncias proibidas. As razões noticiadas referiam como causa do descredenciamento a existência de "erros procedimentais".

A WADA foi criada em 1999 como agência internacional independente e, dentre suas atividades, está o monitoramento do código mundial antidoping, documento que harmoniza políticas antidoping vigentes em vários países. Atualmente, existem 34 laboratórios acreditados pela WADA, credenciados para analisar as amostras de atletas.

O termo “acreditação” (do inglês accreditation”) é um neologismo já usado há vários anos para caracterizar organizações de saúde que adotam sistemas de qualidade e demonstram conformidade com critérios ou padrões técnicos definidos.

O Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica/Medicina Laboratorial foi lançado em 1998, tem cunho educativo, é de participação voluntária, utiliza critérios técnicos atualizados a cada três anos e relacionados a todas as fases do processo laboratorial. Tais critérios são harmonizados internacionalmente, de modo a contemplar a melhoria contínua, os avanços científicos e tecnológicos. Conta hoje com 150 laboratórios acreditados, públicos e privados, responsáveis por cerca de 40% de todos os exames realizados no Brasil.

Na prática, um laboratório clínico acreditado deve ter seus processos controlados, sendo sua competência técnica avaliada por meio de programas de proficiência e auditorias periódicas. Tais auditorias são realizadas por profissionais capacitados, ligados a entidade independente, e visam a assegurar a produção de resultados de exames confiáveis, que possam servir de base para decisões médicas.

Embora a automação tenha trazido vantagens ao processo laboratorial, é preciso desfazer o mito de que resultados de exames confiáveis podem ser obtidos por qualquer pessoa, por meio de acionamento de botões de analisadores automáticos de alto custo. Há evidências científicas que comprovam que, em análises clínicas, a maior frequência de erros laboratoriais ocorre na fase pré-analítica, ou seja, antes do material chegar ao laboratório.

Assim, cuidados com a identificação, coleta, acondicionamento e transporte de amostras são essenciais para que sejam obtidos bons resultados. Da mesma forma, são necessárias equipes técnicas qualificadas para a operação de instrumentos complexos, assegurando sua correta calibração, validação, e uso de regras de controle de qualidade, antes do processamento de amostras de pacientes.

Tão importante quanto um resultado preciso e confiável é o controle da fase pós-analítica, com cumprimento de prazos de entrega dos resultados pelo laboratório clínico e a existência de profissional preparado para discutir correlação clínico-laboratorial, pois as informações laboratoriais podem influenciar a definição de um diagnóstico ou a escolha de um tratamento, impactando os desfechos da assistência e os custos de sistemas de saúde.

Felizmente, o LBCD conseguiu dem

Mercado de produtos médico-hospitalares encolhe 16% no semestre

O mercado de equipamentos e produtos médico-hospitalares, que movimentou cerca de US$ 10 bilhões em 2015, diminuiu no primeiro semestre deste ano. O consumo aparente – que mede a produção interna mais importações e exclui exportações- recuou 16% de janeiro a junho deste ano em relação a igual período de 2015.
 
Segundo levantamentos da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed), com exceção das vendas, que apresentaram resultado positivo de 1%, – o que pode ser explicado pela existência de algum estoque residual nas empresas – todos os outros parâmetros registraram tendência de queda. 
 
“O setor foi impactado pela retração econômica, houve cortes na área da Saúde e a queda de arrecadação do governo provocou uma redução em seus investimentos. O Governo responde por cerca de 50% das compras do setor”, analisa Carlos Goulart, presidente executivo da Abimed.
 
As empresas cortaram em 12% sua produção no primeiro semestre. As importações desaceleraram em cerca de 13%, totalizando U$ 2,3 bilhões, e as exportações recuaram 24%, fechando o semestre no patamar de U$ 350 milhões.
 
“A desvalorização do real teve impacto na queda das importações, afetando o setor, que é bastante depende de produtos vindos de fora. Por outro lado, o Brasil não aproveitou a oportunidade para aumentar as exportações e sua participação no mercado global de produtos para saúde, que é de apenas 0,2%”, explica Goulart. 
 
Apesar da retração do consumo aparente e dos outros indicadores, o número de empregos se manteve praticamente estável e teve queda de 0,19% – bem abaixo do índice de 9,1% registrado no período pela indústria como um todo, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
 
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