Sindhosp

Ana Paula

Saúde mental, uma agenda prioritária

Os jogos olímpicos de Paris, além de nos entreter e extasiar com modalidades sendo disputadas a céu aberto em cartões-postais e monumentos históricos, nos deixam lições de persistência, planeamento, estratégia, determinação, disciplina, foco e trabalho em equipe. Atletas de alto rendimento, contudo, não são super-heróis, ainda que façam o que parece “impossível” para a maioria das pessoas. Isso ficou explícito nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, quando a norte-americana Simone Biles (dona de 11 medalhas olímpicas, sendo sete de ouro), abandonou as finais das competições de ginástica alegando problemas de saúde mental.

            O fato chocou o mundo do esporte, trouxe o tema à tona, quebrou tabus e incentivou outros atletas de diferentes modalidades a pausarem suas carreiras por motivo semelhante. A tenista Naomi Osaka, vencedora do US Open em 2018, e o surfista (hoje medalhista olímpico), Gabriel Medina, são dois exemplos de atletas de alta performance que pararam de competir por um período para cuidar do bem-estar emocional e psicológico. Atento ao ocorrido em 2021, o Comitê Olímpico Brasileiro levou para Paris dez psicólogos e um psiquiatra para auxiliar os 277 atletas da delegação brasileira. Trata-se do maior time de profissionais especialistas em psicologia esportiva da história do país em competições internacionais.

            Para entender como o tema está presente na nossa sociedade, antes da pandemia da Covid-19, a Organização Mundial da Saúde publicou, em 2017, um dossiê mostrando que 9,3% dos brasileiros sofriam com ansiedade, a maior proporção entre os países incluídos no levantamento. Cinco anos depois, em 2022, dados da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) mostram que a incidência de ansiedade entre crianças no SUS superou a dos adultos. Paralelamente, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública traz o Brasil como o 8º país do mundo em número de suicídios, com um índice de oito mortes por grupo de 100 mil habitantes. Saúde mental é, portanto, um tema que precisa ser enfrentado com urgência pelas três esferas de governo.

            Em âmbito municipal, a FEHOESP e o SindHosp elaboraram o Guia de Ações Municípios Saudáveis – Transformando Comunidades, Cuidando de Pessoas, material que está sendo disponibilizado para os candidatos a prefeito das 645 cidades paulistas. Nele, entre outras proposições, são apresentadas quatro agendas prioritárias para os futuros prefeitos e secretários municipais de Saúde: doenças crônicas, envelhecimento saudável, controle de epidemias e saúde mental. Para esta última agenda, a publicação defende a formação e capacitação das equipes da atenção básica para que adotem um olhar integral à saúde, incluindo os transtornos mentais, comportamentais e cognitivos, estratégias de prevenção, criação de políticas que suportem a saúde mental no trabalho e nas escolas, além de programas de intervenção precoce, especialmente para crianças e adolescentes.  

            Medalhistas olímpicos não chegam ao pódio sem antes superar limites e enfrentar dificuldades. Assim como os atletas, um ser humano saudável é aquele que se encontra em perfeita harmonia física, psicológica, espiritual e emocional. No dia em que conquistou o ouro olímpico por equipes em Paris, a ginasta Simone Biles começou o dia com terapia e, em entrevista coletiva logo após a competição, proferiu uma frase que é exemplo de superação e uma motivação para os que atravessam problema semelhante: “Neste momento, nada pode me quebrar”. Que possamos implementar políticas de saúde mental capazes de prevenir, promover e, depois de diagnosticado o problema, assistir e recuperar nossos cidadãos.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp e da FEHOESP

Artigo publicado na edição de agosto/24 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação.

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Na saúde, não compre gato por lebre

O ditado popular que intitula este artigo é provocativo, à medida que as eleições municipais se aproximam. Votar é um direito constitucional e precisa ser encarado com sensatez. Uma das premissas para o voto consciente é lembrar que “o quadro é mais importante do que a moldura”, portanto, o eleitor não deve se deixar enganar por frases de efeito, aparências ou cenas de propaganda política. Conhecer a trajetória e os planos dos candidatos para as áreas que realmente interessam à sociedade é o caminho para não cair em armadilhas.

Nos últimos processos eleitorais, a polarização impediu uma discussão mais aprofundada sobre temas importantes, como saúde, educação, meio ambiente, segurança pública e geração de empregos. O debate e a apresentação de propostas praticamente inexistiram, em um cenário mesquinho que, lamentavelmente, persiste. Agressões ideológicas e discursos vazios desviam a atenção do eleitor e só servem para beneficiar aqueles que nada ou pouco têm a oferecer, caso eleitos (lembram da moldura?).

Recente pesquisa Genial/Quaest aponta a saúde como o segundo mais grave problema da cidade de São Paulo, só perdendo para a segurança pública. Com a consciência de que é preciso mudar essa realidade, propor ações para melhorar a saúde das pessoas e visando qualificar o debate político (lembram da pintura?), a Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP) desenvolveu e está apresentando aos pré-candidatos às Prefeituras o Guia de Ações Municípios Saudáveis – Transformando Comunidades, Cuidando de Pessoas.

Como são nas cidades que a saúde pública se concretiza, esse Guia objetiva contribuir para a construção de uma agenda inovadora e positiva, que leve a uma melhor organização e gestão do sistema de saúde municipal. Ele foi desenvolvido para que possa ser adaptado e servir de referência para todos os 645 futuros gestores da saúde dos municípios paulistas, afinal, uma organização mais eficaz da saúde municipal pode garantir, por exemplo, o acesso universal aos serviços, promover a prevenção, prover o cuidado, assegurar maior integração entre público e privado, a qualidade assistencial e a melhoria dos indicadores em saúde.

 No Brasil, a complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS), maior sistema de saúde público do mundo e com gestão tripartite, não consegue inibir os imprudentes. Ainda é comum, infelizmente, que o maior posto da saúde nas cidades seja ocupado pelo médico pessoal ou correligionário político do prefeito, sem o mínimo preparo para o cargo ou conhecimento do sistema. Um secretário ou secretária municipal de Saúde deve conhecer, pelo menos, o funcionamento do SUS, os mecanismos de participação social, de financiamento e ter capacidade técnica para estabelecer pactos assistenciais regionais.

 Mudanças constantes na condução da saúde municipal favorecem também o rompimento de programas e causam danos especialmente à atenção primária. Essa prática, porém, é comum. Levantamento do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS) entre 2021 e 2023 aponta que 40% dos municípios paulistas efetuaram trocas de secretários no período. O tempo médio de permanência no cargo de um secretário municipal de Saúde é de 1,8 ano, segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). O órgão também estima que aproximadamente 300 novos secretários municipais de saúde assumem o cargo todos os meses no país. O problema é sério, pois gera desperdícios, impede a execução do programa de governo traçado para o setor e traz prejuízos diretos à população, ao SUS e ao setor privado com e sem fins lucrativos (santas casas).

Na saúde, para garantir acesso e uma assistência integral a todos os cidadãos é necessária uma abordagem colaborativa e organizada que envolva toda a sociedade. É, portanto, essencial propor ações com capacidade de inovar, garantir a sustentabilidade do sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nas próximas eleições temos a chance de escapar da polarização, pois só assim deixaremos de andar em círculos e conseguiremos implementar políticas públicas que garantam mais dignidade e justiça social.

Um provérbio chinês ensina que “podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos”. Que o bom senso prevaleça e o eleitor não compre gato por lebre nessas eleições.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp e da FEHOESP

Artigo publicado em 17/08 pelo jornal Correio Braziliense. Clique aqui e veja a publicação

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Saúde suplementar também faz parte do SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior sistema de saúde do mundo. A estrutura e capilaridade que possui pelo extenso território nacional merecem ser enaltecidas. Graças à infraestrutura de atenção primária e ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), o país conseguiu, nas últimas décadas, controlar doenças imunopreveníveis, como difteria, coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, entre outras. Recentemente, a pandemia da Covid-19 deixou mais evidente a importância do SUS para a sociedade.

Ainda que muitos não enxerguem dessa forma, a regulamentação da saúde suplementar, vinda com a Lei nº 9.656, em 1.998, é outra conquista do sistema de saúde brasileiro. O setor suplementar responde, atualmente, pela assistência a 51 milhões de usuários, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ou 25,1% da população. Isso significa que um quarto dos brasileiros não dependem exclusivamente do SUS, ainda que todos os cidadãos tenham direito e utilizem os serviços de promoção, prevenção e vigilância sanitária. Com os desafios econômicos que se apresentam para o Brasil e o estrangulamento orçamentário dos entes federativos (União, Estados e Municípios), alguém acredita que o SUS seria capaz de absorver essa demanda de milhões de indivíduos?

A saúde suplementar é um pilar assistencial importante e desempenha papel imprescindível para o Estado, que pode priorizar o desenvolvimento de políticas sociais e de saúde dirigidas aos mais necessitados. Além de contribuir para que a assistência pública não fique ainda mais sobrecarregada, a saúde privada é inovadora em sua essência e dispõe de uma infraestrutura tecnológica e de qualidade comparável aos maiores e melhores centros de saúde mundiais.

Frente aos recentes problemas envolvendo as operadoras de planos de saúde e amplamente noticiados pela imprensa, como o cancelamento unilateral de planos, o Ministério da Saúde, como representante do Executivo federal, precisa urgentemente voltar sua atenção para este setor fundamental para o SUS e para parcela significativa da população. Já passou da hora de pensar alternativas que aumentem a integração entre esses dois elos do sistema, garantindo maior acesso, qualidade e resolutividade.

Único é sinônimo de singular. Portanto, discursos sobre sistema público e/ou privado de saúde não cabem nesse conceito e na realidade brasileira. A construção de um país mais saudável exige um esforço contínuo de avaliação, reestruturação e mudanças de rota. Por isso, é preciso enaltecer os pontos positivos, identificar os problemas e trabalhar para que os setores público e privado garantam, juntos, um sistema de saúde mais inclusivo, equânime e sustentável para os brasileiros.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp

Artigo publicado na edição de Julho/2024 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação.

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As mudanças climáticas e as ameaças à saúde

Os brasileiros ainda acompanham, atônitos, à tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul (RS). Em meio ao caos, movimentos de solidariedade se espalham pelo país, angariando água potável, roupas, alimentos, remédios, produtos de limpeza e recursos financeiros. Alguns se tornam voluntários, prestando ajuda humanitária in loco. Lamentavelmente, enquanto alguns arregaçam as mangas, muitos, sentados nos sofás confortáveis de seus lares, espalham notícias falsas pelas redes sociais, dificultando esse trabalho. Em uma missão, chamada “Querência Amada”, o SindHosp, a Viveo e os hospitais do Coração (HCor) e Osvaldo Cruz angariaram mais de 80 toneladas de produtos em prol do povo gaúcho. Como sempre, temos o livre arbítrio de decidir de que lado desejamos estar.

O fato é que nossas decisões pessoais, profissionais e políticas têm impacto direto sobre o sistema e a saúde das pessoas. As tristes enchentes no RS são consequência direta de uma das maiores ameaças à saúde global do século XXI, que são as mudanças climáticas. Desde 1950, o número de enchentes ao redor do mundo aumentou 15 vezes, eventos de temperaturas extremas aumentaram 20 vezes e os incêndios se tornaram sete vezes mais frequentes. Alguns podem estar se questionando: o que isso tem a ver com a saúde?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas devem causar aproximadamente 250 mil mortes adicionais por ano, provocadas principalmente por desnutrição, malária, diarreia, hepatite A, leptospirose e outras doenças infecciosas. Isso sem contar a insegurança alimentar, que tem impacto direto sobre a qualidade de vida, e as consequências para a saúde mental, com o aumento de distúrbios como ansiedade e depressão.

Como profissionais e lideranças do setor temos o compromisso ético de falar sobre o assunto e conclamar que os governos assumam suas responsabilidades e adotem medidas, por exemplo, que melhorem o uso do solo, reduzam a pobreza, estabeleçam códigos de construção mais consistentes e sustentáveis e protejam os ecossistemas. Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) fez outro alerta, lembrando que o desmatamento tem reflexo direto também no surgimento de novas pandemias.

Precisamos entender, definitivamente, que é dever de cada um de nós cuidar de nosso planeta e exigir que esse cuidado encontre eco nas leis e fiscalizações, poupando vidas e recursos financeiros. Somente assim conseguiremos minimizar os efeitos das mudanças climáticas e planejar a construção de um futuro mais sustentável.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHop

Artigo publicado na edição de maio/2024 da revista Labor News. Clique aqui e leia a publicação na ínregra

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Livro Vírus Mortal é lançado durante a Hospitalar

O livro “Vírus Mortal: Os Hospitais Privados Paulistas, o SindHosp e a Pandemia da Covid-19”, que teve seu pré-lançamento durante evento em homenagem ao SindHosp na Câmara Municipal de São Paulo em março passado, foi lançado oficialmente durante a feira Hospotalar 2024. “Durante a pandemia,  o Sindicato foi protagonista de um projeto inédito de comunicação e utilidade pública ao trazer dados e pesquisas sobre a situação da Covid-19 nos hospitais privados paulistas, com informações fidedignas para a opinião pública, gestores da saúde e autoridades. As pesquisas indicaram o caminho da pandemia, apontando problemas e soluções”, afirma o presidente do SindHosp, Francisco Balestrin.

O lançamento aconteceu no dia 21 de maio, após a abertura oficial da feira, durante almoço. Além do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e da presidente da Hospitralar, Waleska Santos, participaram da cerimônia representantes de diversas entidades da saúde e autoridades. “Mesmo sendo o maior sindicato patronal da saúde na América Latina e com mais de oito décadas de experiência, o SindHosp, com o advento da pandemia, também se deparou com uma crise de proporções inimagináveis e desafios até então inéditos”, lembrou Balestrin.

Os 30 levantamentos realizados pelo SindHosp entre 2020-2022 sobre a situação da Covid-19 nos hospitais privados paulistas dão sustentação à obra e permitem acompanhar, por exemplo, as curvas ascendentes e descendentes das taxas de ocupação dos leitos clínicos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), do tempo médio de internação, faixa etária dos internados, problemas paralelos vivenciados pelas instituições hospitalares, entre outros indicadores.     

O livro relata a trajetória e as iniciativas de uma entidade sindical durante a pior crise sanitária em 120 anos. Além dos resultados e gráficos comparativos das pesquisas realizadas pelo SindHosp ao longo da pandemia, ele traz um raio X da crise, como sua evolução e involução, a situação da assistência hospitalar no início do surto, o papel dos hospitais de campanha, o represamento assistencial, o desenvolvimento das vacinas, os impactos sociais e econômicos, detalha a Proposta Saúde São Paulo e mostra a importância dos movimentos solidários que fizeram a diferença em prol da população mais vulnerável. 

A obra traz depoimentos de algumas personalidades, como do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro; do presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes; da pesquisadora e membro da Academia Nacional de Medicina, Margareth Pretti Dalcolmo; da diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Eloisa Bonfá; e do CEO da Rede D’Or, Paulo Moll.

Entre os objetivos do SindHosp com a publicação destacam-se: contribuir para que os problemas do SUS e do complexo produtivo e econômico da saúde durante a crise sanitária não sejam esquecidos; fomentar discussões para a busca de soluções definitivas para questões estruturais do sistema de saúde brasileiro (incluindo o setor suplementar); estimular as pesquisas nacionais; e promover o desenvolvimento do parque industrial e tecnológico do país, através de políticas públicas que insiram o setor saúde em uma agenda de desenvolvimento econômico e social.            

Clique aqui e adquira o livro “Vírus Mortal: Os Hospitais Privados Paulistas, o SindHosp e a Pandemia da Covid-19”.

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Imprensa destaca pesquisa SindHosp sobre aumento da dengue e SRAG nos hospitais

Realizada entre 3 e 13 de maio, o último levantamento do SindHosp contou com a participação de 89 hospitais privados e obteve mais de 200 inserções na mídia

As principais emissoras de TV, rádio, jornais, revistas, sites e portais de notícias deram ampla cobertura ao resultado do levantamento do SindHosp realizado em maio, que apontou que 96% dos hospitais paulistas registraram aumento nas internações por dengue e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Dos hospitais participantes do levantamento, 67% são da Capital e Grande São Paulo e 33%, do interior. Segundo o médico Francisco Balestrin, presidente da Fehoesp e do SindHosp, o aumento de doença respiratória grave é típico desta época do ano, no entanto, a vacinação contra gripe e cuidados preventivos, como evitar ambientes lotados e fechados, podem contribuir para evitar a SRAG.

Crescem internações em leitos UTI e clínicos

Internações em leitos clínicos para dengue cresceram de 21% a 30% em 42% dos hospitais pesquisados. Por outro lado, internações de pacientes SRAG pediátrico cresceram de 21% a 30% em 60% dos hospitais, enquanto para SRAG adulto, 50% dos participantes informaram aumento de até 5% nas internações clínicas.

Para internações em UTI, 70% dos hospitais registraram até 5% de aumento para dengue; 90% dos hospitais indicaram até 5% de aumento para SRAG pediátrico e para SRAG adulto. Também a assistência no pronto atendimento, incluindo pronto-socorro e serviços de urgência/emergência cresceu 69% no período pesquisado para dengue e SRAG, demandando para 73% dos hospitais um tempo de espera de 2 a 4 horas no atendimento.

Questionados sobre a faixa etária dos pacientes, 84% dos hospitais informaram que dengue concentra pacientes de 30 a 50 anos, enquanto 69% registraram pacientes também de 30 a 50 anos para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
O tempo de permanência em leitos clínicos para dengue em 61% dos hospitais é de 4 dias, enquanto para 95% dos hospitais ouvidos o tempo de permanência para SRAG pediátrico é de 5 a 10 dias. Já para SRAG adulto, 61% dos hospitais informaram 5 a 10 dias de tempo de permanência.

Nos leitos de UTI, 70% dos hospitais registraram o tempo de permanência para dengue de até 4 dias; 94% informaram 5 a 10 dias para SRAG pediátrico e 88% dos estabelecimentos de saúde indicaram 5 a 10 dias de permanência para SRAG adulto. Perguntados sobre outras doenças prevalentes nos hospitais, 74% apontaram outras doenças respiratórias; 58% indicaram doenças crônicas e 25% viroses.

Clique aqui e acesse a íntegra da pesquisa

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A Inteligência Artificial na Saúde

Debates sobre os benefícios, riscos e limites da Inteligência Artificial (IA) têm sido uma constante no mundo contemporâneo, cada vez mais conectado e interligado. Para um dos entusiastas da IA, o cientista da computação, Andrew Ng, ela será a eletricidade do século XXI, pela sua capacidade de gerar profundas transformações em todos os setores da sociedade. Hoje, já temos alguns exemplos da sua utilização na indústria, agricultura, varejo, economia, mobilidade (os carros autônomos são bons exemplos) e, claro, na área da saúde. Mas, afinal, o que é IA?

De forma bastante genérica, podemos definir IA como um avanço tecnológico que permite que sistemas e algoritmos, baseados em um enorme banco de dados, simulem uma inteligência similar à humana. Com isso, máquinas e dispositivos eletrônicos passam a ser capazes de realizar tarefas antes restritas às pessoas.

A exemplo da União Europeia, que em dezembro do ano passado aprovou a regulamentação da IA na região, no Brasil o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), objetiva estabelecer balizas para o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de inteligência artificial. Alguns desafios éticos e morais no uso da IA realmente precisam ser discutidos e vencidos, e a expectativa é que a aprovação de uma legislação possa ajudar nesse processo. Cito alguns exemplos, como a privacidade e segurança dos dados, a responsabilidade, os impactos nos postos de trabalho até a fiscalização de uma eventual superinteligência.

Como o mercado tem sua própria dinâmica, que quase sempre se antecipa às regulamentações, a IA já vem sendo utilizada por algumas organizações de saúde para melhorar a gestão e a assistência aos pacientes. Alguns hospitais, por exemplo, já a utilizam com bons resultados operacionais e com melhorias na experiência do paciente. Algoritmos, ao analisarem exames, já identificam – em algumas organizações – quais pacientes nos prontos-socorros correm mais riscos cardíacos, de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou de problemas como pneumonia, nódulos e derrame pleural, permitindo uma assistência mais rápida. Na administração, a IA tem auxiliado na gestão de leitos e centros cirúrgicos, a calcular a probabilidade de ausência do paciente em exames agendados, o chamado “no-show”, enfim, a melhorar os resultados da instituição. Estes são apenas alguns poucos exemplos.

Atentos a essa realidade, a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e o SindHosp promoverão, no mês de maio, no Espaço Arena da feira Hospitalar, o Fórum Brasil Saúde 2024, com o tema “A Inteligência Artificial na Saúde”. Na ocasião, profissionais que lideram o desenvolvimento e a aplicação da IA no país irão debater a sua aplicabilidade, a importância da segurança dos dados, de um banco de informações robusto, cases serão apresentados, aspectos éticos e legais discutidos e o futuro da IA também fará parte dos debates.

Um dos maiores físicos da história, Stephen Hawking, acreditava que a IA era a maior conquista da humanidade, mas que, também, poderia ser a última. Trazer para o centro das discussões esse tema tão atual é de suma importância para que a IA possa beneficiar um maior número de pessoas e que seja aplicada com ética, transparência, limites e controle, sempre.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp  e da Fehoesp

Artigo publicado na edição de abril/24 da revista LaborNews. Clique aqui e acesse a íntegra da publicação

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SindHosp publica livro sobre trajetória dos hospitais privados durante pandemia da Covid-19

O SindHosp lança o livro “Vírus Mortal: Os Hospitais Privados Paulistas, o SindHosp e a Pandemia da Covid-19” em cerimônia realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo. Na ocasião, o Sindicato, por iniciativa do vereador Paulo Frange, foi homenageado pelos 85 anos de fundação, completados em 2023. “Mesmo sendo o maior sindicato patronal da saúde na América Latina e com mais de oito décadas de experiência, o SindHosp, com o advento da pandemia, também se deparou com uma crise de proporções inimagináveis e desafios até então inéditos”, lembra o presidente do SindHosp, Francisco Balestrin.

Para manter a opinião pública informada sobre a realidade vivenciada pela rede privada de saúde paulista no enfrentamento ao coronavírus (os dados até então eram restritos à realidade do setor público) e tentar transformar em números e estatísticas as dificuldades enfrentadas pelos hospitais na assistência aos doentes, o Sindicato começou a realizar pesquisas junto ao setor representado. Os 30 levantamentos sobre a situação da Covid-19 nos hospitais privados paulistas, realizados entre 2020 e 2022, permitem acompanhar, por exemplo, as curvas ascendentes e descendentes das taxas de ocupação dos leitos clínicos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), do tempo médio de internação, faixa etária dos internados, problemas paralelos vivenciados pelas instituições hospitalares, entre outros indicadores.     

Crise de proporções inimagináveis

Durante o lançamento do livro, Balestrin falou sobre os desafios que o SindHosp enfrentou durante a pandemia da covid-19. “O SindHosp se deparou com uma crise de proporções inimagináveis e questões até então inéditas. De início, a preocupação foi manter as empresas paulistas prestadoras de serviços de saúde sob sua representação informadas, diante da avalanche diária de informações recebidas pelos três níveis de governo. No mês em que a pandemia começou a se alastrar pelo país, ou seja, há exatos 4 anos, faltavam Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os profissionais da linha de frente, álcool em gel, respiradores mecânicos, kits para a realização de exames e vários estabelecimentos denunciaram ao SindHosp a falta e, principalmente, o aumento abusivo nos preços de medicamentos e materiais”.

“Com o objetivo de transformar em números e estatísticas os problemas vivenciados pelos hospitais na assistência aos doentes, manter a opinião pública informada e buscar soluções no mercado e junto às autoridades das três esferas de governo no menor tempo possível, o SindHosp deu início a uma série de pesquisas sobre a situação da covid nos hospitais privados paulistas”, lembrou Francisco Balestrin. “Os 30 levantamentos realizados entre o segundo semestre de 2020 e o final de 2022 permitiram acompanhar vários indicadores, como as curvas ascendentes e descendentes das taxas de ocupação dos leitos clínicos e de unidades de terapia intensiva, do tempo médio de internação, faixa etária dos internados, entre outros. Aproveito para agradecer a todos os 272 hospitais, reconhecidos pelo SindHosp como entidades valorosas parceiras, pela participação maciça e constante nas pesquisas. Além dos resultados e gráficos comparativos dos levantamentos e um relato completo sobre a pandemia, o livro é um registro da memória do que o setor privado paulista vivenciou e encarado pelo SindHosp como um compromisso social”.

Propostas e depoimentos

O livro relata a trajetória e as iniciativas de uma entidade sindical durante a pior crise sanitária em 120 anos. Além dos resultados e gráficos comparativos das pesquisas realizadas pelo SindHosp ao longo da pandemia, ele traz um raio X da crise, como sua evolução e involução, a situação da assistência hospitalar no início do surto, o papel dos hospitais de campanha, o represamento assistencial, o desenvolvimento das vacinas, os impactos sociais e econômicos, detalha a Proposta Saúde São Paulo e mostra a importância dos movimentos solidários que fizeram a diferença em prol da população mais vulnerável. 

            A obra traz depoimentos de algumas personalidades, como do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro; do presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes; da pesquisadora e membro da Academia Nacional de Medicina, Margareth Pretti Dalcolmo; da diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Eloisa Bonfá; e do CEO da Rede D’Or, Paulo Moll,

            Entre os objetivos do SindHosp com a publicação destacam-se: contribuir para que os problemas do SUS e do complexo produtivo e econômico da saúde durante a crise sanitária não sejam esquecidos; fomentar discussões para a busca de soluções definitivas para questões estruturais do sistema de saúde brasileiro (incluindo o setor suplementar); estimular as pesquisas nacionais; e promover o desenvolvimento do parque industrial e tecnológico do país, através de políticas públicas que insiram o setor saúde em uma agenda de desenvolvimento econômico e social.

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O surgimento e a expansão do ensino médico

Em fevereiro comemoramos os 216 anos da primeira Faculdade de Medicina do Brasil: a Universidade Federal da Bahia. Inicialmente chamada Escola de Cirurgia da Bahia, ela foi criada por Dom João VI, após a transferência da corte portuguesa para o país. Médicos eram profissionais raros no início do século XIX, por isso, o tratamento das enfermidades era majoritariamente feito por curandeiros, boticários e pelos chamados barbeiros-sangradores, que aplicavam a sangria (terapêutica reconhecida na época). Uma das primeiras preocupações do príncipe regente, portanto, foi formar cirurgiões. Sete meses após a abertura da primeira faculdade, é inaugurada, em setembro de 1808, a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

A partir da sanção da Lei nº 14.621, em 2013, que instituiu a Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde no âmbito do Programa Mais Médicos, houve uma expansão do ensino médico no país. Das 41.805 vagas disponíveis todos os anos pelas 389 faculdades de Medicina existentes, 23.287, ou 55,7% do total, foram abertas a partir de 2014. 90% dessas novas vagas ocorreram em instituições privadas. Os dados são do estudo Densidade Demografia Médica no Brasil, lançado em 2023 pela Associação Médica Brasileira (AMB), Universidade de São Paulo (USP) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Nas duas últimas décadas, que registra crescimento populacional de 27%, o número de médicos dobrou no Brasil. Atualmente são 562.229, o que dá uma média de 2,6 profissionais para cada grupo de mil habitantes, ou seja, proporção idêntica à do Japão e muito próxima da norte-americana (2,64) e da canadense (2,77). A meta do Ministério da Saúde, porém, é atingir 3,3 médicos por mil habitantes em dez anos, para equiparar o país à média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Por isso, e com o objetivo de fixar profissionais em áreas de vazios assistenciais, o órgão vem incentivando a abertura de novos cursos e vagas em Medicina.

Ainda que esse movimento quantitativo faça parte de uma estratégia governamental, é preciso primar pela qualidade da formação médica. Novas vagas para Residência Médica (RM) e maior financiamento para bolsas de estudo também precisam ser ofertados aos formandos. Em 2021, por exemplo, último dado disponível, a defasagem entre egressos de Medicina e vagas iniciais para RM foi de 11.770 vagas. Apesar de não obrigatória, a RM é internacionalmente reconhecida como a forma mais adequada para a formação de especialistas e é estratégica para a oferta de serviços qualificados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São nesses programas, que podem durar de dois a cinco anos, dependendo da especialidade, que os médicos aprendem e treinam suas habilidades sob orientação de profissionais gabaritados e responsabilidade direta de universidades ou outras instituições credenciadas.

A grande poetisa Cora Coralina dizia que “todos nós estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”. Que saibamos fazer as escolhas certas agora, para que não haja arrependimentos futuros.

Francisco Balestrin

Presidente do SindHosp e da Fehoesp

Artigo publicado na edição de fevereiro de 2024 da revista Labor News

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 Afinal, os cigarros eletrônicos devem ser regulamentados no Brasil?

Artigo do presidente do SindHosp, Francisco Balestrin, foi publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2 de março de 2024

Um dos maiores estadistas do século XX, Winston Churcill, dizia que “construir pode ser uma tarefa lenta e difícil de anos, já destruir pode ser um ato impulsivo de um único dia”. Dependendo do resultado da Consulta Pública 1.222/2023, sobre os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), que expirou em 9 de fevereiro e contou com mais de sete mil manifestações, a sociedade e o sistema de saúde brasileiro correm o risco de perder décadas de trabalho e conquistas importantes na luta contra o tabagismo. 

            Os cigarros eletrônicos, ou “vapes” como são popularmente conhecidos, são proibidos no Brasil desde 2009. Mesmo assim, são encontrados facilmente no país, na internet, e têm conseguido seduzir o público mais jovem, graças aos sabores e aromas incluídos em suas composições. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 17% dos adolescentes a partir dos 13 anos já experimentaram os vapes – 70% deles têm entre 15 e 24 anos. 60% dos que se declaram consumidores do produto nunca experimentaram um cigarro convencional. No país são cerca de 2,2 milhões de usuários, segundo o IPEC (Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica).

O Projeto de Lei 5008/2023, que tramita no Senado Federal, pretende regulamentar a produção, importação, exportação, comercialização, controle, fiscalização e propaganda dos cigarros eletrônicos. O tema é polêmico. A indústria alega que os DEFs são menos nocivos à saúde. Estudo recente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), porém, mostra que alguns componentes químicos encontrados nas fórmulas desses produtos aumentam as chances de infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e aterosclerose. Os que defendem a regulamentação, argumentam que a proibição fortalece o mercado ilegal, já que o produto é vendido livremente sem controle de qualidade e procedência. Já os que são contrários, entre eles a maioria das entidades médicas, acreditam se tratar de um retrocesso e que a liberação irá estimular o seu consumo.

Dos 35 países que compõem as Américas, 14 não possuem nenhuma regulamentação para os DEFs, 13 adotam medidas regulatórias para consumo total ou parcial e oito, entre eles Brasil e Argentina, proíbem a venda.  Os dados são da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Nas últimas três décadas, o Brasil implementou quase todas as estratégias preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o tabagismo. Mensagens impactantes nas embalagens dos maços de cigarro e a obrigatoriedade de estamparem o Disque 136, serviço telefônico do Sistema Único de Saúde (SUS) de ajuda aos fumantes, proibição do fumo em locais fechados, da propaganda de cigarros em veículos de comunicação e do patrocínio de eventos esportivos e culturais, além de ofertar tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar, são apenas algumas dessas medidas.

            As ações reduziram o consumo do tabaco em mais de 50% entre todas as faixas etárias. Atualmente, 9,8% dos brasileiros se declaram fumantes, segundo o Ministério da Saúde. Apesar do êxito nacional, os tabagistas ainda representam cerca de 20% da população mundial e consomem algo em torno de seis trilhões de cigarros por ano. Seis milhões de pessoas morrem anualmente no mundo em decorrência do tabagismo e mais 1,3 milhão por consequências da convivência com quem fuma, os chamados fumantes passivos. O Banco Mundial estima que as doenças ligadas ao tabaco consumam aproximadamente US$ 200 bilhões todos os anos.

             Que as evidências científicas e a saúde da coletividade saiam vencedoras desse debate. Pela facilidade para obter tais produtos, as autoridades sanitárias precisam agir com rigidez, antes que os hospitais, clínicas e laboratórios registrem aumento no volume de serviços por problemas relacionados ao tabaco. Isso terá impacto econômico-financeiro direto no SUS e na saúde suplementar. Cabe ao Estado, independentemente do resultado da Consulta Pública, a missão de educar, desenvolvendo campanhas de conscientização inteligentes, focadas principalmente no público mais jovem, e que elucidem os efeitos nefastos que esses dispositivos produzem para a saúde humana.  

Francisco Balestrin

Presidente do Sindicato de Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde no Estado de São Paulo (SindHosp) e da Federação dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo (Fehoesp)

 Afinal, os cigarros eletrônicos devem ser regulamentados no Brasil? Read More »

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